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Sesimbra - Setubal

Ao som das barcos de pesca a ancorar no Porto de Pesca de Sesimbra, acordamos para a vida.
Metemos a cabeça de fora e o cheiro a sal vindo do mar atreveu-se a consumir o nosso cérebro. Rapidamente recordamos tempos maravilhosos vividos no dia anterior.
Uma etapa de sonho onde o abraço do tempo solarengo e o mar, fez de nós as pessoas mais felizes do mundo.
Com todo o tempo do mundo (essa é uma regra básica das Travessias), fomos comer um grandioso pequeno-almoço a olhar para as gaivotas, que brincavam acima do mar calmo.
O estado de espírito era prefeito. A alma estava limpa e pronta para receber novas recordações.
Lentamente e observando tudo o que nos rodeia, fomos até ao Forte de Sesimbra, junto ao mar. Seria aí que começaria mais uma etapa da Volta a Portugal em BTT.

Estamos prontos.
O tempo mudara um pouco e apresentava-se à partida nublado com tendência para chover.
Esta é uma Travessia longa e mágica e ao longo das etapas poderemos vestir e despir muitas vezes os casacos. Ai está o que procuramos, ou seja, a descontinuidade da regra.

Olhando para o mar e já com saudades desta bela Vila de Sesimbra, partimos em direcção ao seu Castelo. Como Sesimbra fica ao nível do mar e os Castelos por norma são em colinas ou no cimo de serras, começamos a subir com um grau de inclinação aceitável.
O primeiro trilho do dia era altamente viciante, apesar de ser a subir. Um single track que nos levava ao Castelo. Era bem inclinado e bastante técnico nalgumas partes. Foi-nos informado que era muito usado por bikeres da zona para o descer em ritmo frenético.
O single era estreito e coberto por árvores bem fechadas. Muitas dessas árvores tinham marcas de pedaleiras bem marcadas, assim como dentes cravados.
A conquista foi relativamente fácil.

Chegando ao topo, estava na hora de olhar em redor e observar Sesimbra de outro ângulo. Avistávamos pequenas casas lá em baixo e milhares quilómetros de mar.
Estava na hora de largarmos o mar e avistarmos a serra.
Por entre trilhos bastante rolantes e outros com alguma pedra, chegámos onde sempre sonhámos pedalar. Lá estava ela à nossa frente, a Serra Mãe: Serra da Arrábida.

Serra da Arrábida
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Arr%C3%A1bida

As emoções misturavam-se a uma velocidade vertiginosa. Aquele impacto que a tela à nossa frente nos provocava… ficámos extasiados… as notícias que ouvíamos diariamente nos jornais?! Guerra, Fome, Traição e Politica. Para quê?
São estas imagens que nos fazem acordar para uma nova realidade e nos ajudam a esquecer o inferno.

Pedalámos a ritmo de cruzeiro para observar cada movimento da Serra.
O tempo melhorou, e a energia positiva ficou ainda mais forte.
Depois de deambularmos por trilhos fechados, apanhámos um estradão rápido que rasga ao meio a parte mais Oeste da Serra.
Com terreno liso o ritmo aumentou e rapidamente chegámos à estrada de alcatrão que liga Setúbal a Azeitão, pelo Portinho da Arrábida.

Foram só 100 metros nessa estrada para entrarmos num dos míticos trilhos da Arrábida. Ainda em terreno mais ou menos plano, fizemos alguns quilómetros na risota e em gestão de esforço.
De repente o Track mandava-nos para a direita e entrámos num trilho que parecia uma montanha russa, acabando com uma descida brutal. O coração batia rápido e o cérebro tentava registar cada momento.
Estava destinada que seria agora a primeira subida do dia. Ao longo de alguns poucos quilómetros subimos, subimos e voltamos a subir. Mas como tudo o que sobe desce, ai vamos nós tentar aproveitar toda a adrenalina que o downhill nos dá.

Downhill
http://pt.wikipedia.org/wiki/Downhill

Antes de chegarmos a Azeitão, um lindo Single Track é-nos apresentado em forma de túnel. Como formigas, conquistámos o mesmo de forma doida. Como era ligeiramente a descer, as palavras entre os participantes foram deixadas de lado, para dar voz ao barulho dos pneus a rolarem no trilho maravilha.

Azeitão seria o nosso próximo destino.

A Mítica Torta de Azeitão é uma desculpa para procedermos a uma paragem relaxante.
Numa das esplanadas de Azeitão podemos descontrair e apreciar o gosto da mágica torta. Depois de comer uma, a boca pede outra e outra.
Se não sairmos depressa dali, o mais certo é no fim da etapa pesarmos mais uns quilos.
Aproveitem também para apreciar o vinho da região, que tanta fama tem. As caves José Maria da Fonseca, merecem uma visita bem longa e bem regada.


Com mais umas gramas valentes no corpo saímos de Azeitão com esperança de voltar um dia.

Sempre que se fala em Arrábida, fala-se nos célebres Moinhos. O nosso Track indica-nos a beleza do local.
Paisagens abertas, vistas deslumbrantes, trilhos de sonho. A sua fama é mesmo verdadeira. Podemos ficar ali horas a levar com o vento na cara e de certo que nos sentimos realmente livres.
Um single track cheio de pedras, leva-nos quase até Palmela. Este single é histórico.

Chagamos a Palmela e estava na hora do almoço.
Menu Bttista para todos. Bifana e Coca-Cola.
Simpatia era excelente por parte do empregado do restaurante e as bifanas não ficavam atrás.

Palmela
http://pt.wikipedia.org/wiki/Palmela

Podemos ficar em Palmela a efectuar uma longa visita. Alem das pessoas simpáticas, temos o seu Castelo, onde está situada uma Pousada.
Do cimo do seu Castelo podemos avistar quilómetros a perder de vista. É um belo sítio.

De olhos já em Setúbal, visto que de Palmela a Setúbal é um saltinho, começámos a descer por um estradão bastante rápido que nos levou a uma planície.
Durante alguns poucos quilómetros, avistamos quintas salpicadas por aqui e por ali. Mesmo perto da cidade de Setúbal, podemos avistar ovelhas ou galinhas a percorrerem os mesmos trilhos que os nossos.

Estávamos ansiosos com a próxima novidade. Fomos avisamos que iríamos percorrer vários quilómetros de uma estrada Romana sempre a subir.

Apesar de ser um belo trilho o sofrimento acabou por vencer o registo fotográfico.
Era altamente técnico e bastante longo, fazendo um desgaste extra na condição física de cada um.

A chegada ao alto foi de alegria e de tristeza ao mesmo tempo. Para muitos e depois de olhar para trás, provavelmente seria a última vez que viriam aquele trilho.

Já cheirava a Forte de S.Filipe. Estávamos muito perto do objectivo de hoje. Bastava efectuar uma pequena descida e depois subir um pouco e entrar no esplendor Forte de S.Filipe.

Lá dentro ainda se ouvem os murmúrios dos antigos habitantes assim com o roçar das espadas em plena guerra, nas conquistas históricas.

Depois de um passeio de descoberta dentro do forte, tiramos a fotografia da praxe e demos por concluída mais uma Etapa da Volta a Portugal em BTT.

No fim os abraços foram sentidos e o sentimento de objectivo cumprido foi aplaudido.



Conclusão
Etapa muito bonita, na espectacular Serra da Arrábida e Arredores.
Trilhos não muito técnicos e outros com piso muito bom.
Acumulado 1200m.
Dá para observar bem a beleza da Serra.
Etapa nível médio em termos dureza.
Etapa a fazer na Primavera/Verão/Outono.
Não fazer a etapa depois de chover muito nos dias anteriores.
Existem muitos pontos de água e cafés ao longo do percurso


Ficha Técnica da Etapa
Percurso: Sesimbra - Setúbal
Distância: 55 kms
Acumulado. 1281 metros
Max. Altitude: 452 metros
Min. Altitude:  2 metros
Dificuldade Física: Media
Dificuldade Técnica. Media
Passa por zonas privadas. Não

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